Segue abaixo discurso proferido em plenário essa semana pelo Deputado
Sandro Mabel. O Deputado pede que os senhores ajudem a espalhar a notícia.
Atenciosamente, Cristiane Galvão,
Assessora de Imprensa do Deputado Sandro Mabel.
CÂMARA
DOS DEPUTADOS - DETAQ |
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Sessão: 224.2.54.O |
Hora: 19:58 |
Fase: OD |
Orador: SANDRO MABEL |
Data: 21/08/2012 |
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O SR. SANDRO MABEL (PMDB-GO. Pronuncia o seguinte
discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, venho à esta tribuna para
falar sobre a importância dos criadores de passarinhos ou eco passarinheiros.
Felizmente nesta segunda (20) tivemos uma sinalização importante do Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, o IBAMA para
que a gente comece a valorizar o trabalho desses criadores. O órgão finalmente
já assinou convênio e vai liberar as anilhas, conforme já havia prometido o
Presidente da Instituição, Volney Zanardi. Elas são pequenas pulseiras que
atestam a idoneidade e legalidade do criador e nossa luta não se encerra aí.
Estamos batalhando para que o número de anilhas também não seja restrito e para
que o Órgão acate todas as sugestões dos passarinheiros para a revisão e ajuste
da Instrução Normativa número 10, que regula o setor. Depois de inúmeras
reuniões da Frente Parlamentar dos Eco Passarinheiros conseguimos também a
promessa do Presidente para que haja a participação de representantes da classe
na escolha da Lista Pet referente a Resolução número 394 do Conselho
Nacional do Meio Ambiente, o CONAMA. E ainda, a suspensão de multas que já
foram aplicadas, com base em artigos que ainda estão em discussão para que os
passarinheiros possam, por exemplo, participar de competições. É importante
ressaltar que estamos conquistando um bom relacionamento junto ao Presidente do
IBAMA. E que nada disso seria possível se não fosse o trabalho de toda a
bancada de Eco Passarinheiros, mas, principalmente graças ao envolvimento e ao
esforço do Presidente da Confederação Brasileira dos Criadores de Pássaros
Nativos, a COBRAP, Aloísio Pacini Tostes, e de todos os Presidentes de
Associações e entidades regionais. Não poderia deixar de citar as Associações
do meu Estado; entre elas a Federação Ornitológica do Estado de Goiás, FOGO,
Presidida pelo Senhor Pedro José Neves e também os clubes associados à FOGO nas
cidades goianas.
Reforço aqui o importante passo dado com a liberação das anilhas, pois elas
asseguram o direito à vida! Isso porque hoje, os passarinheiros são obrigados a
quebrar os ovos dos passarinhos pela falta das anilhas, com o risco de serem
multados por manterem pássaros na ilegalidade. É preciso ressaltar como a
atuação dos passarinheiros ajuda a preservar as espécies ameaçadas de extinção.
Em artigo publicado pelo zootecnista Rob de Wit, ele descreve uma série
de espécies do nosso cerrado brasileiro que não estão mais ameaças de extinção
por causa da criação doméstica, o bicudo é uma delas. A própria Lei que combate
o tráfico de animais silvestres incentiva esse tipo de criação. Dados do
Sistema de Cadastros de Criadores Amadoristas de Passeiriformes, o SISPASS,
revelam que existem hoje no Brasil cerca de 300 mil passarinheiros. E eles remontam
um hábito antigo da nossa sociedade. Afinal, quantos de vocês presenciaram na
infância: pais, avôs e avós cuidando com todo zelo e amor de seus passarinhos.
Criar aves, portanto, é reflexo de uma cultura, mas vai muito mais além, e como
toda a criação doméstica, se traduz em ato de amor, de dedicação e mais do que
isso, de coragem para enfrentar o preconceito e as barreiras daqueles que
confundem o ofício e colocam essas pessoas no mesmo patamar de pessoas de
má-fé, que praticam maus tratos e movimentam o circulo perverso do tráfico de
animais silvestres, por exemplo. Se nos idos de 50 e 60 criar passarinhos era
um lazer, hoje é uma necessidade para preservação da fauna brasileira. Chamo a
atenção dos Senhores para o nível de tratamento e detalhes que envolvem uma
criação de pássaros. Uma referência viva do trabalho cuidadoso e dedicado dos
passarinheiros é o Mestre Marcílio dono do Criadouro Picinini de Marcílio
Picinini e filhos na cidade de Matias Barbosa, interior de Minas Gerais. O
Mestre Marcílio cuida pessoalmente de mais de 200 bicudas, todas com filhotes,
mais de trezentas cuiriólas todas com filhotes, trinca ferros, sabiás baianas e
tiés-sangue reproduzindo com alta taxa de natalidade. O trabalho do Marcilio é
feito com as técnicas mais avançadas, com alguns filhotes recebendo tratamento
individualizado, com direito a alimento por seringas e incubadoras especiais. O
cuidado com a higiene e a nutrição é constante e o Mestre Marcílio conta com
seis empregados e faz um trabalho incansável. Ele levanta ao amanhecer e so
deixa os passarinhos quando escurece. Seu Marcilio não viaja, não vai às
compras, não frequenta festas, e dedica toda a sua vida aos passarinhos.
Depois que tivemos a CPI dos Animais Silvestres aqui na Câmara dos Deputados
conseguimos conscientizar a sociedade para as mazelas praticadas contra a fauna
brasileira, mas, não é justo colocar os criadores legalizados de animais
silvestres como inimigos da proteção ambiental. Por falta de informação
criou-se uma perigosa celeuma que prejudica e muito o trabalho dos criadouros
brasileiros que por sua vez, inclusive do ponto de vista legal, deveriam
trabalhar de mãos dadas com os Órgãos Ambientais. Durante os últimos anos os
passarinheiros estão sendo perseguidos e vitimizados pelo preconceito. E essa
crítica é feita até pelo Presidente da Rede Nacional de Combate ao Tráfico de
Animais Silvestres (Renctas). Em artigo intitulado Comércio da Vida Silvestre:
O Ético e o Ilegal, publicado em 2009, no Jornal do Brasil, Dener Giovanini
afirma: A legislação ambiental precisa ser aprimorada e a repressão mais
aparelhada, mas, em essência, só isso não basta. A diminuição passa
necessariamente por duas discussões fundamentais: uma forte iniciativa
educativa, no sentido de desestimular a compra, pela sociedade, de animais
oriundos do comércio ilegal e, a mais polêmica: definir claramente o papel da
criação comercial no combate ao tráfico de animais silvestres. Parte do
movimento ambientalista não admite sequer debater a segunda alternativa. Não
vamos generalizar, mas, é preciso reconhecer que, atualmente, grande parte de
ambientalistas estão entre os servidores públicos de órgãos ambientais que
misturam suas crenças pessoais com o direito dos criadores manterem gerações e
gerações seculares de passeriformes. E isso em nome de uma causa
conservacionista que, convenhamos, já não cabe mais nos dias atuais em que
discutimos desenvolvimento sustentável, ou seja, duas palavras seriam
totalmente antagônicas. Quero chamar a atenção dos Senhores para que se informem
e ajudem a população brasileira a conhecer mais o trabalho dos passarinheiros.
Não é justa a perseguição que essas pessoas sofrem e nós realmente não temos a
noção do que é o tratamento e a criação de passáros. A maior parte delas
voltadas para competições com os pássaros canoros como o trinca-ferro, o
canário da terra, o curió, o bicudo e o coleira. São aves que precisam de
tratamento especial, minucioso, caro e até mesmo exaustivo. Para aprenderem seu
canto demandam dedicação total e muito, mas muito amor, de seus donos. Um
exemplo de como é importante desmistificar e repensar o assunto é o recente
caso da popularmente conhecida Ararinha Azul, o par criado por um casal de
Recife, foi retirado do convívio da família e transportado para o zoológico de
São Paulo e nunca mais se reproduziu. O que nos faz deduzir que um animal,
qualquer um que seja, quer ser tratado com amor, com amizade, que com todo
respeito aos profissionais que no zoológico trabalham, não é o mesmo do
convívio doméstico. A criação doméstica só é possível com um trabalho em
família e quando o animal é parte dessa família e seja ele um cachorro, um gato
ou um passarinho, é isso que importa; o amor e a dedicação de seus donos. É
isso que esses milhares de passarinhos representam para seus criadores. Eles
são parte de uma família, carregam vinte, trinta, quarenta anos de uma
história. Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, precisamos discutir
o assunto sem casuísmos, sem bandeiras e ideologias. Muito ainda precisa ser
feito e essas pessoas devem ser vistas como parceiras do meio ambiente e
merecem ser ouvidas. Não adianta simplesmente proibir ou adotar medidas
restritivas que não levem em consideração o que temos presente nos dias atuais
em nossa sociedade. Nesse ponto eu faço do Presidente da Renctas, Dener
Giovanini as minhas palavras: O Brasil não irá avançar no combate ao tráfico de
animais silvestres e num plano geral da conservação da biodiversidade enquanto
não adotar uma postura clara e objetiva sobre a criação comercial. É necessário
que se tenha coragem política para assumir uma postura definitiva, mesmo que
essa seja uma decisão que desagrade os gregos ou os troianos. A falta de
transparência só favorece àqueles que se alimentam da obscuridade. Agradeço a
oportunidade Sr. Presidente. Solicitamos que este pronunciamento seja incluso
nos Anais desta Casa de Leis.
Muito obrigado.